A Crônica que Não Foi Escrita - O Julgamento de Lula - Autor: Juliano De Ros
A
Crônica que Não Foi Escrita
O
Julgamento de Lula
Pode um juiz ser imparcial feito
uma nota de três reais? Com o perdão pelo uso da simbiose
estapafúrdia de ditos populares, pois não me ocorre outra pergunta
que expresse melhor o estado de confusão mental.
Como pode alguém ser condenado a
doze anos de reclusão por supostamente ter recebido propina na forma
de um apartamento, sem que o citado apê seja seu? Ou melhor, o
imóvel, na verdade, está titulado como propriedade da
"empresa corruptora" e está penhorado em juízo, por outra
comarca, como bem garantidor de dívidas da tal empresa.
Todos nós temos nossas
convicções pessoais, morais, políticas, cores e amores. Médicos,
comerciantes, faxineiros, metalúrgicos, engenheiros, cozinheiros,
professores e... também, juízes e procuradores, tem suas próprias
convicções. Somos pessoas e impregnamos nossa vida pessoal e
profissional com nossas verdades, nossas falhas morais e
nossas qualidades e virtudes.
Alguém que justifica receber uma
vantagem moralmente indevida, tal qual é o auxílio moradia para
quem reside em imóvel próprio na mesma cidade onde trabalha, sob o
pretexto de que é legal e que vem a compensar a defasagem de
reajuste de seu salário, ou, ainda, aceita um cargo de Ministro de
Estado no governo do antagonista político do réu, demonstra ser
tão humano como qualquer um de nós e tão suscetível a não
conseguir separar suas convicções e paixões pessoais no exercício
de suas funções quanto eu ou você. A influência da formação
familiar, a fundação pelo pai de regional de um partido político
também antagônico ao do réu, tudo isso exigiria uma superfortaleza
moral que parece existir de forma insuficiente naquele julgador.
Embasbacado, fico me perguntando:
qual é o meu sentimento, minha compreensão quanto ao julgamento de
Lula? A resposta que vem é sempre a mesma. O sentimento se repete e
se repete. O sentimento é o do equívoco, do erro, da parcialidade
ideológica, mesmo que involuntária, do resultado passando longe do
justo e do correto.
Para nós "leigos",
oculta na caixa preta de um juridiquês indecifrável, nas posições
diametralmente opostas de juristas e especialistas, com acepções
sem o menor consenso, a impressão que resta é a do excesso e da
incerteza quanto à esperança e ao futuro.
Juliano De Ros
Escritor
Muito boa a crônica! Reflete e argumenta sobre a situação da justiça brasileira, que realmente está usando uma venda totalmente esburacada!
ResponderExcluirObrigado pelo comentário, Luciana! São tempos de reflexão e de externarmos nossa inconformidade com os excessos e com as injustiças. Grande abraço!
ExcluirAcho que foi tudo deliberado... só faço essa observação, apesar que depois da tua crônica os desenrolares facilitaram a constatação das trapaças. Um abraço
ResponderExcluirConcordo plenamente, Odacir!
Excluir👍👍👍