Poesia Semovente - A Galinha que Carimbava Ovos
Do
livro Semovente de Juliano De Ros
A
Galinha que Carimbava Ovos (2017)
Nas
cenas da vida cotidiana
De
um imenso galinheiro,
Onde
galinhas imortais
Chocavam
ovos colossais,
Inenarráveis,
inconfundíveis,
Havia
uma galinha comum,
Que
botava ovos comuns.
Ela
tinha uma estranha mania:
Carimbava
todos os ovos que punha,
Com
seus pequenos carimbos.
Ia
atribuindo a cada ovo,
Em
linguagem galinácea,
Um
nome, uma data, uma memória...
Riam-se,
as imortais, da desnecessidade.
Davam
de ombros, suas pares comuns.
E
ela continuava a gerar ovos, e ovos
E
os carimbava com afinco...
Em
sua desmiolada cabeça, pensava...
Ela
pensava! – e isso já era grave!
Só
às galinhas imortais era permitido tirar conclusões!
Ela
pensava que...um dia...
Quando...talvez...eclodissem,
Para
além da voracidade dos homens,
Seus
filhos frangolinos, suas filhas penosas,
Poderiam
resgatar, em mensagens cifradas,
Pedacinhos
de sua história.
O
que ela foi, fez, ou pensou, ou sentiu...
E
mesmo que apenas por esperança,
Teria
valido a pena carimbar ovos!
….....................................................................................
(E
as imortais?...ora bolas, elas estão em outro patamar!)
….....................................................................................
Em
algum dia no futuro,
Ela
já semidemente ou morta,
Pode
ser que os seus,
Como
relicários de carimbos codificados,
Retornem
partículas perenes de suas lembranças...
Fragmentos
imortais de sua vida carimbada.
As datas,
Elas ajudam a entender
As cicatrizes deixadas pelo
tempo,
No corpo, na alma
E nos
poemas...
Adoro esse poema!
ResponderExcluirObrigado pelo comentário tão gentil! Espero que você goste das próximas postagens. Abraço!
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